terça-feira, 31 de março de 2009

Assim como...

Como Ariadne, espero Teseu matar o minotauro e sair do labirinto.
Como Penélope, ufano as velas de Ulisses e bordo todas as noites o que o dia desfez.
Como mãe, espero que as filhas cresçam.
E como mulher, sento, crio, desconserto e choro.
Nenhum destino a mais, nenhum amor a menos.

domingo, 29 de março de 2009

Adeus

E me disse adeus, tremular ligeiro nos dedos.
Aqueles que a cada beijo apertavam os braços, tatuavam a pele, desciam as costas e se perdiam abaixo.
- Vou.
Olhei, hesitei.
Se chorasse, faria um desastre.
Pouco pensei, fiz de mim um instantâneo e vi seu sinal.
E como meu homem, seus olhos me chamaram.
Não fui.
Na meia volta de mim, suspirei e fitei. Para meu colo, para baixo de mim, para longe de nós. Dedos de aceno, prolongamento enfim, penderam do ar.
Era destino, era adeus.
Passeando a forma do aceno à boca, o sentir do cheiro e do roçar, roucos dedos da despedida final. Somente espanto, dum imperplexo ciao...
E sem a espera de novas voltas, olhou-nos, olhou a mim e disse:
— Me vou... Talvez.
E foi-se, ocasional...
Maria Odila

Meu nome de Maria

Meu primeiro nome foi um: — Ah! uma menina... quem sabe o próximo? Desconsolo deixado no berço, forçou-me entrar na vida. Tempo não leva em conta desejos paterno-maternais. Meu primeiro segundo nome foi o da avó. Forte, instigante, diferente diria. E pela herança, encrenqueiro. O nome? Determinação em ser determinada. O primeiro primeiro nome é mais que bíblico. Da avó Madalena, dadivosa, múltipla em amores fáceis, jamais arrependida, herdei esse predicado – o de ser maria, com esse guardado madalena. A carga do nome, dizia a avó, levo eu, mas carregue consigo ser sempre neta de madalena. O som primeiro não foi choro como é o geral das crianças. Um silêncio apenas. E sem vagidos e nomes importantes, e porque minha madrinha não rezou em meu batizado, criei-me na vida maria somente, maria que mente. Porque madalenas são, bolinhos, penas e falhas. Madalena é a avó e de lamentosa Maria Madalena, a avó jamais me deixaria ser. Por isso sou Maria, por isso dou nome às coisas. Na verdade... madalenas são... arrependidas marias.
Maria Odila

sábado, 7 de março de 2009

Simplesmente...

Não há uma meia idade, é cabotino pensar assim. Existe, é verdade, a idade do sentir, do mais e do menor. O tempo anda muito rápido depois.
Acredito que hoje seria uma mãe muito melhor, uma aluna mais brilhante e uma esposa... que nunca deveria ter casado. São crenças, não certezas.
Posso também dizer que toda mulher merece ter a sua separação, se for casada e que o prazo de validade é a melhor coisa inventada até hoje. Gosto da viuvez, todavia, este é um problema só meu. Não quero passá-la para ninguém, mas viver sozinha entre filhas, é muito bom e o casamento, esse é um mal necessário... para se dar valor ao posterior de tudo.
Nem amarga nem ácida, muito pelo contrário, hoje estou é com um medo louco de me apaixonar de novo então quero ver se contando todas essas histórias sou eu a primeira a acreditar nelas.
Maria Odila