quinta-feira, 30 de abril de 2009

Constatações para nada

Era uma vez um sapato onde floriam rosas carmim, branqueadas pela lua. Não a lua da madrugada e sim a lua enamorada, a eclipsada pelo sol. Parnasiana, adoraria escrever assim. Como não sou, quero escrever em tons de erva doce e sair à cata.
E na procura descobrir que sou assistente. Assistente por acidente.
Acidentalmente apaixonada, e por letras.
Gosto das palavras. Procuro-as em sentidos que só a mim servem.
Herdei pequenas mãos de encontrar notas e pés que adoram massagem.
Não, minto!
A massagem nos pés não é herança, mas como adoro, não custa fazer com que entrem neste rol de pouco sentido.
Cheguei a pensar que meu mundo havia sido defenestrado. Engano meu.
Mundos não desabam, apenas mudam de perspectiva por isso agora me considero consultora. Consultora de vazios.
Dizem que o destino, o nosso destino, vem escrito nas estrelas.
Não acreditem.
Isso seria enorme responsabilidade para aquelas que, mortas, nos mostram só luzes ou caminhos cadentes.
O destino, fado nosso, determina o criativo, e reza que as coisas são acontecíveis nas letras e que o inferno, bem... Oras, o inferno... são também os outros.
Ventura ou não, escrevendo letras, certas ou trocadas, maquinais ou quase incoerentes, o pacto se fez na urdidura, nos choros, nos desgovernos, nos perdidos e no inconseqüente de amanhã. Como dizia Sauci — e eu agora nem lembro mais quem é Sauci... tudo serve de oportunidade para garantir a vitória.
Deve ser por isso que nunca estou entre os vencedores... e também razão de ter esquecido: quem é o maledeto do sauci-autor?
Maria Odila

domingo, 26 de abril de 2009

Diálogos Aleatórios

Diálogos aleatórios

Ester é Teté e Amália, Mamali. Mamali é adotada e sabe disso desde que chegou em casa, aos 12 dias mas Teté prefere que isso nunca seja dito porque é irmã, com unhas e dentes e Mamá nada mais é do que irmã na raça. E Mamali sabedora disso, como boa irmã que é, adora futricar.
— Té...
— Que é Má?
— Tava pensando... você sabia que não temos o mesmo sangue? E Teté, que mais responde de imediato do que pensa sai com essa:
— Puta-que-o-pariu Mamali. Como não? Você é minha irmã Eu amo você, você sabe. E para com essa besteira.
— Ah... que eu sou sua irmã, eu sei. Sou parecida com você. Bem parecida.
— Viu? Não estava falando? Larga de ser bexta!
—Tá.
— E me deixa estudar que tenho faculdade hoje.
— Mas Té... olha...
— Fala, caralho
— Sabe o que é...
— Fala logo.
— É que a gente não tem mesmo o mesmo sangue.
— Caralho!!! De novo com essa merda? Mamali para com isso ou vou falar pra mamãe.
— Mas ela sabe que a gente não tem o mesmo sangue.
— Ah, já sei... então vai magoar a mamãe também com essa historinha toda, é? Não basta vim torrar meu saco e quer fazer a mamãe chorar?
— Mas ela não chora Teté.
— MAMALI!!!!! Mas que bosta. Vai continuar, vai?
— Mas é verdade, Té. A gente não tem o mesmo sangue.
— Só porque você foi adotada não tem que me lembrar toda hora, né? Você sabe que eu não gosto disso. Que você é minha irmã e que não deixo e nem quero que você vá saber dessa vagabunda, você entendeu? VOCÊ É MINHA IRMÃ E SEMPRE VAI SER.
— Tá bom, mas não temos o mesmo sangue, não temos.
— MAMALI, bosta!!!!!
— É verdade. Sou O positivo e você A positivo.
Maria Odila