quinta-feira, 30 de abril de 2009

Constatações para nada

Era uma vez um sapato onde floriam rosas carmim, branqueadas pela lua. Não a lua da madrugada e sim a lua enamorada, a eclipsada pelo sol. Parnasiana, adoraria escrever assim. Como não sou, quero escrever em tons de erva doce e sair à cata.
E na procura descobrir que sou assistente. Assistente por acidente.
Acidentalmente apaixonada, e por letras.
Gosto das palavras. Procuro-as em sentidos que só a mim servem.
Herdei pequenas mãos de encontrar notas e pés que adoram massagem.
Não, minto!
A massagem nos pés não é herança, mas como adoro, não custa fazer com que entrem neste rol de pouco sentido.
Cheguei a pensar que meu mundo havia sido defenestrado. Engano meu.
Mundos não desabam, apenas mudam de perspectiva por isso agora me considero consultora. Consultora de vazios.
Dizem que o destino, o nosso destino, vem escrito nas estrelas.
Não acreditem.
Isso seria enorme responsabilidade para aquelas que, mortas, nos mostram só luzes ou caminhos cadentes.
O destino, fado nosso, determina o criativo, e reza que as coisas são acontecíveis nas letras e que o inferno, bem... Oras, o inferno... são também os outros.
Ventura ou não, escrevendo letras, certas ou trocadas, maquinais ou quase incoerentes, o pacto se fez na urdidura, nos choros, nos desgovernos, nos perdidos e no inconseqüente de amanhã. Como dizia Sauci — e eu agora nem lembro mais quem é Sauci... tudo serve de oportunidade para garantir a vitória.
Deve ser por isso que nunca estou entre os vencedores... e também razão de ter esquecido: quem é o maledeto do sauci-autor?
Maria Odila

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